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A relação das comunidades tradicionais com o Meio-Ambiente

Em nossas andanças, pesquisando os saberes de Ubatuba, uma conversa que sempre surge, quando encontramos o povo daqui, é sobre a relação do Homem com a natureza ao redor.


Uma relação profunda que surgiu com a convivência, observação e escuta.

Convivência diária, sob chuva e sol, frio e calor, que os acompanha desde bebê, gerando uma observação constante, atenta aos mínimos detalhes e uma escuta, que aponta conhecimentos intrínsecos, já passados pelos mais velhos destes antigos.


Dona Neide, da Caçandoca, nos contava que a nhãnhã (sua avó), a ensinava a colher a taboa, na lua minguante, “que era melhor, pois estava menos doce, assim os bichos não comiam, e era melhor de dormir e durava mais tempo”. Há quem diga, que não é provado cientificamente… Mas, só quem dormiu muito em esteira de taboa, pode dizer com precisão qual a melhor época de colheita e que, assim, nunca há de faltar, crescendo mais forte, a cada lua.


Mário Gato, também nos contava sobre o que “Papai” dizia, sobre usar o fio da fibra do tucum, para colocar em suas rabecas e violas e produzir um som bom, para aquele fandango memorável.


Hoje, ao nos depararmos com a especulação imobiliária, com a extinção de taboais e matas inteiras, fica cada vez mais difícil, criar essa relação mais forte, assim como eles tiveram. Estamos nos afastando dessa convivência, perdendo esta observação e deixando de ouvir, ao pé de uma fogueira, na ponta da mesa, na lida da lavoura, na confecção de um cesto, estes conhecimentos que tanto apoiaram e puderam dar conforto e sustento sob medida para estas pessoas, com tanto a dizer.


Aqui e agora, só nos resta pedir: “Conta mais um dedinho de prosa”, "me mostra como que faz”, “me fala qual planta é essa”, e tentar passar um pouquinho deste universo que nos cerca, e que se esvai a cada dia, tal qual um relógio de areia, quebrado, sem chance de reaver o tempo que se foi.


Acompanhe nosso Festival e saiba um pouquinho mais de nossas histórias, nosso saber criativo, que dizem tanto por si só.



Texto de Carolina Labarca, produtora cultural do Festival Saber Criativo

A Criatividade e sua presença na vida das personagens dos Minidoc's do Festival Saber Criativo

Bastidores... Lugar de experiências enriquecedoras….

Uma delas é descobrir, por trás das personagens, suas personalidades e junto com elas seus processos criativos.

A desenvoltura e o domínio são marcantes. Uns deles tocam nosso emocional, a ponto de não nos contermos por trás das câmeras... outros, se emocionam diante delas. A cada relato um acúmulo de informações são depositados em nossas memórias, o que nos ajudam na desconstrução de alguns conceitos e na construção valiosa de outros.

Realizar este Festival gerou, na equipe, mais reflexões em relação às maneiras que estamos agindo e nos relacionando com o Planeta, país, estado, cidade, bairro, lar e, por fim, com nós mesmos…

O Saber Criativo, aquele que dá a capacidade de nos reinventarmos, é ação propulsora na realização deste Festival. Durante as filmagens de nossos minidocs pudemos perceber a criatividade presente em todos nossos personagens. Ela está, tanto na vida daquele que tece uma fibra natural, integrado com a natureza, lá nos territórios tradicionais e sertões de Ubatuba, como na arte expressa através de grafites e pinturas em nossos pontos de ônibus. Você a encontra nas mãos de nossas ceramistas que transformam, em arte, o barro que chega até elas, ou nas lutas e descobertas dos integrantes do grupo da Economia Solidária de nossa cidade. A criatividade está sempre presente para dar suporte na economia de cada um deles, na verdade ela está presente na história de toda humanidade. Não está necessariamente ligada à arte, mas ela possibilita melhorar a nossa vida e a daqueles que estão ao nosso redor.

Assistam nossos minidocs e conheçam estas incríveis ações criativas!




Texto de Helena Sanchez, Assessora de Comunicação do Festival Saber Criativo